Quando se fala em criar e em melhorar determinada raça, um objeto básico é o estabelecimento de critérios de corte, ou seja, periodicamente, na medida em que a raça “evolui”, devemos determinar qual o parâmetro que, com base no qual, de acordo com a conjuntura, o estágio já atingido e os objetivos de progressão, serão retirados da reprodução os animais que não o atingirem.
Esses parâmetros devem ser os mais objetivos possíveis, para que o trabalho possa ser mais fácil de conduzir, sobretudo, porque estamos tratando de populações, e não de indivíduos isolados.
Outro item importante de se conhecer nessa história é que, quanto maior o número de critérios de seleção for estabelecido para a população, mais lenta e mais difícil será esta seleção, e quanto menor em número e mais objetivos forem estes critérios, menos difícil será de se conduzir este melhoramento.
A criação da raça Pastor Alemão, diferentemente das outras raças caninas, que se baseiam em sua maioria em critérios estritamente morfológicos, está fundamentada em um tripé de seleção, que deve estar equilibrado:
01- Provas de Trabalho (Schutzhund/IPO); 02- Saúde ortopédica (Controle de Displasias de Quadril e de Cotovelos); 03- Análise Anatômica e Biomecânica.
É sempre importante lembrarmos que os eventos e certames rotineiros e conhecidos de todos nós, como exposições e/ou seleções, tem por corretas denominações “Exposições de Criação” e “Provas de Seleção para Criação”, e não, como comumente chamadas em nosso meio: Exposições de “estrutura”; basta observarmos o nome completo da famosa Sieger Alemã, que na verdade é Siegerzuchtschau (Sieger = competição internacional; zucht = criação; schau = show, exibição, exposição), ou seja, é uma competição da mostra da criação, e, criação, da raça Pastor Alemão, uma raça que tem como tripé obrigatório para reproduzir, em todo o mundo, com exceção da América Latina, a prova de trabalho no mínimo IPO1 (SchH1), os Rx’s de Quadris e Cotovelos, e, a análise anátomo- biomecânica. Para fins de criação e exposições, os dois primeiros quesitos são eliminatórios, e o terceiro, a análise anátomo-biomecânica, classificatória e qualificatória.
No Brasil e na América do Sul duas bases do tripé tem sido negligenciadas! A prova de trabalho e os Rx’s de cotovelos. Devemos sempre nos lembrar que o CAB não é uma prova de trabalho, e não passa de uma adaptação tupi – guarani da prova de Cão Acompanhante (CAc ou BH – Bleitunghunde), para “facilitar” as coisas nas terras de Cabral e Simon Bolivar. A prova
de BH, de onde o CAB foi copiado, também não é em sua origem e propósito uma prova de trabalho, mas sim apenas uma prova de habilitação a convívio em sociedade.
Uma outra consideração importante é que esse tripé deve estar interligado, não há como uma coisa funcionar sem a outra, não há desempenho sem saúde e morfologia; não há saúde se não conseguimos ter desempenho, e, a biomecânica não vale para nada se não é submetida aos esforços que a comprovem! Como valorizar as angulações, os ligamentos e as proporções, se o referido animal não foi submetido a saltos, galopes, a avaliação de sua capacidade de aprender e trabalhar para o homem, e a sua capacidade agressiva testada de verdade, assim como sua estabilidade, dureza e controle? Se falta um pé de um tripé, ou este pé é menor do que os outros, tudo se desequilibra.
Para finalizar, devemos considerar mais uma abordagem: quando tratamos especificamente de exposições de criação, e não da criação como um todo, as provas de trabalho e os laudos radiográficos são PRÉ requisitos para a participação, regulamentados de acordo com cada categoria, e, superados esses dois pontos do tripé, de forma eliminatória, ou seja, aqueles que os têm participam da mostra, os que não têm não participam, na exposição então, haverá a avaliação de outros QUESITOS, o terceiro ponto do tripé, uma análise anatômica e biomecânica, que, nas exposições, é CLASSIFICATÓRIA e QUALIFICATÓRIA.